A crítica a seguir contém informações sobre acontecimentos de “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979).

Após 57 anos, a Ripley (Sigourney Weaver) finalmente foi encontrada. Não poderia haver outro ponto de partida para esse filme. Mas a partir daí surge uma premissa muito estranha: informada de que o planeta LV-426, onde o Alien foi encontrado no primeiro filme, está colonizado há mais de 20 anos, ela é convidada a ser consultora em uma missão visando resgatar famílias colonizadoras, cujo contato foi perdido. O motivo da perda do contato? Claro, um ataque dos aliens.

E a inevitável pergunta vem à mente do espectador: como houve quem conseguisse tornar o planeta respirável e habitável sem serem dizimados? É bem verdade que, conhecendo os procedimentos da companhia em negar tudo, podemos pensar que houveram funcionários mortos e isso foi ocultado. Mas, então como aquela estrutura foi construída com os aliens por perto? O festival de conveniências do início do filme continua: por que o ataque que gerou a perda do contato com LV-426 acontece justo logo após a Ripley ser encontrada?

Dirigido e roteirizado por James Cameron, com a ajuda de David Giler e Walter Hill na formatação da história, “Aliens, O Resgate” abandona o gênero terror utilizado no filme anterior. Aqui embarcamos na ação e na aventura, combatendo os aliens com militares e acompanhando a Ripley na missão de salvar uma menina daquele ambiente hostil. Há ganhos e perdas nessa mudança. Por um lado, perdemos o medo dos aliens, frequentemente exibidos ao ponto de uma cena no clímax do filme ficar bem menos impactante.

Mas o tom de medo é muito bem substituído pela busca de um contra-ataque, especialmente da Ripley, que deseja superar o trauma vivenciado na nave Nostromo. De uma personagem resignada e reativa passamos a ver uma Ripley decidida e ativa. Ao ditar os próximos passos dos militares, passa de consultora à quase uma comandante. E ao visar proteger a pequena Newt (Carrie Henn), ela deixa a condição de sobrevivente para ser uma heroína. Sigourney Weaver expressa muito bem essa transformação, tendo inclusive reconhecida com uma indicação ao Oscar em 1987.

Porém, os demais personagens são pouco desenvolvidos. A menina cujo instinto de sobrevivência parecia prevalecer inicialmente é reduzida a uma apontadora de caminhos carregada no colo, enquanto a vivência do massacre pedia por mais ação. Os soldados são caricatos e de atitude parecida. Burke (Paul Reiser), representante da companhia na missão, não faz nada diferente do esperado. Por fim, o androide Bishop, muito bem interpretado por Lance Henriksen, nos mostra seu valor e importância para a história, mas há algo que poderia ser feito por ele e o filme não permite.

Perante ao primeiro filme, os efeitos visuais evoluíram com aliens e naves bem realistas. A edição de som do filme é ótima ao valorizar os ruídos dos recorrentes ataques e aproximações dos extraterrestres. O planeta LV-426 nos apresenta excelentes cenários que inclusive propiciaram um ótimo jogo de luzes. O vermelho destaca-se em alguns momentos de perigo é iminente. O amarelo reforça o calor humano de Ripley para Newt, enquanto o clima sombrio do primeiro filme ressurge quando é desconhecida a localização dos aliens que se aproximam.

Por fim, “Aliens, O Resgate” ainda é um bom entretenimento, com o marcante tom do cinema americano dos anos 80, reunindo muita ação, um certo ar de descontração, além de uma das principais heroínas do cinema.