A ordem do Imperador foi dada: o Duque Leto Atreides (Oscar Isaac) e sua família devem deixar Caladan para administrar Arrakis, um planeta com tempestades de areia capazes de perfurar até metal. No destino, a Casa de Atreides deverá de imediato construir uma relação pacífica com os Fremen, povo nativo com quem os antecessores tinham conflitos. Ao chegarem, a estranha calmaria levanta suspeitas de um futuro nada tranquilo.
Baseado no clássico livro publicado por Frank Herbert em 1965, a nova versão de “Duna” estreia 37 anos depois do reprovado filme dirigido por David Lynch. Agora sob o comando de Denis Villeneuve, a obra literária ganha uma adaptação cinematográfica que se destaca sobretudo pela grandiosidade, a começar pelo orçamento estimado em 165 milhões de dólares.
Esse valor exorbitante se prova bem empregado a cada aspecto que se analisa nessa produção. A começar pela ambientação que utilizou locações na Jordânia e nos Emirados Árabes Unidos para criar Arrakis, mas também foi a Eslováquia, Áustria e Noruega. Além dos impactantes cenários externos, os espaços internos complementam a percepção de como é cada um dos mundos apresentados, especialmente o planeta desértico.
Em meio a visuais impressionantes, naves com designs interessantíssimos foram apresentadas. Entretanto, o transporte aéreo que mais chama a atenção são os curiosos tópteros, veículos que lembram helicópteros pelo formato, mas que possuem asas semelhantes às encontradas em insetos.
Quando eles sobrevoam a área do deserto, não é raro se avistar a ação dos vermes gigantescos que se movimentam embaixo da areia, mas sobem a superfície quando tem a oportunidade de engolir algo. Fazer esses seres parecerem reais talvez seja o maior mérito da equipe de efeitos visuais, cujo trabalho foi de explosões grandiosas até os olhos azulados dos Fremen.
O estrelado elenco faz jus a grandiosidade buscada pelo filme. Protagonista, Timothée Chalamet (Me Chame pelo Seu Nome) sem dúvidas entrega a principal atuação de sua carreira até aqui. Ao interpretar o Paul Atreides, filho do duque, ele entrega aquilo que se esperava de seu personagem: a postura de um aprendiz, ao mesmo tempo assombrado por sonhos e visões, mas suficientemente determinado a não se abater após tudo que acontece no meio do filme.
A atuação de Oscar Isaac (Star Wars: O Despertar da Força) como Leto Atreides é muito boa, pois transmite bem a seriedade e a maturidade do novo líder de Arrakis. Quando as novas circunstâncias se impõem ao duque, a postura é condizente, especialmente no momento que envolve um certo dente. Vivendo a Lady Jéssica Atreides, a atriz Rebecca Ferguson (Missão: Impossível – Efeito Fallout) entrega uma personagem que mistura elegância, mistério e certa fragilidade.
Destacam-se ainda três atores. Jason Momoa (Aquaman) acrescenta bastante ao fazer um guerreiro com quem Paul possui grande amizade. Sharon Duncan-Brewster (Years and Years) vive bem uma juíza de transição que inicialmente nos deixa na dúvida sobre seu caráter. Por fim, a Zendaya (Euphoria) utiliza seu olhar como principal elemento de sua interpretação, na qual aparece principalmente nas visões do protagonista. A personagem dela tende a crescer muito na futura continuação.
Enquanto uma adaptação, “Duna” funciona muito bem. Ainda que a contextualização da primeira meia hora de fato pareça com os primeiros capítulos de um livro, a trama sabe desenvolver-se de maneira atraente, pois gera expectativa sobre o que está por vir, além de sempre apresentar bons momentos de ação.
Ainda que caia bem durante as cenas, a trilha sonora do ótimo compositor Hans Zimmer não é tão épica quanto a magnitude da produção requeria. Quando você termina de ver o filme, ela não fica no seu subconsciente como deveria. Fora isso, a grandiosidade pretendida é alcançada e aponta para um futuro promissor, pois o desfecho indica uma premissa muito boa para o próximo filme. Dessa vez, as areias de Arrakis vieram para ficar.