Maior astro em atividade no basquete, LeBron James e seu filho Dom (Cedric Joe) foram vítimas de um sequestro nada comum. Eles foram sugados para dentro dos computadores da Warner Bros., após um algoritmo da empresa se revoltar com uma decisão do atleta. Para conseguir escapar dessa situação, o jogador precisará vencer uma partida com um time formado por Pernalonga e sua turma.

25 anos após Michael Jordan jogar com personagens como Patolino, Piu-Piu e Lola, um craque da NBA volta a entrar em quadra com os Looney Tunes. Além de apresentar essa ideia inusitada a uma nova geração, a nova produção visa gerar nostalgia em quem cresceu assistindo a “Space Jam: O Jogo do Século” (1996).

Dirigido por Malcolm D. Lee, anteriormente responsável por comédias mal avaliadas como “Todo Mundo em Pânico 5” (2013), o filme teve seu script redigido por seis roteiristas. Desde o início a narrativa é trivial, principalmente por apresentar o LeBron como um pai incapaz de ver outro futuro pro filho que não seja no basquete, enquanto o garoto de 12 anos já é um hábil desenvolvedor de jogos de videogame.

Uma falha grande é a demora para introduzir os personagens animados na história, o que certamente contraria o público infantil. O Pernalonga, primeiro a aparecer, só é visto após 27 minutos de filme. Antes disso, o roteiro gasta tempo estabelecendo uma desavença entre pai e filho, além de possuir um diálogo cansativo onde o vilão caricato se apresenta ao jogador. Entre cenas que pouco acrescentam e momentos repetitivos, o ritmo é comprometido e a duração de quase duas horas é maior que a necessária.

Por outro lado, um acerto narrativo é assumir ao público: nada aqui fará sentido, afinal esse é um filme dos Looney Tunes. Para quem cresceu vendo o Coyote sobreviver ao cair de um penhasco e ser esmagado por uma bigorna, é prazeroso rever esse tipo de história onde o único sentido está no riso.

Além disso, o filme faz uma cesta do meio da quadra ao homenagear conteúdos da Warner. De “Matrix” (1999) a “Casablanca” (1942), os Looney Tunes são resgatados de cenários das produções do estúdio. Para mim, ver o Papa-Léguas no meio da perseguição de “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015) já faz o filme valer a pena, pela criatividade apresentada e a diversão propiciada. Posteriormente, esse conceito é retomado em uma arquibancada que vai de Fred Flintstone até o Voldemort, vilão da franquia “Harry Potter”.

Ainda que o estilo de animação aparente maior modernidade em alguns aspectos, os traços originais dos personagens acertadamente são preservados. E quando eles são vistos de modo mais realista, o processo de transformação e o resultado final também são muito bons. Além disso, a versão animada do LeBron James é bem caprichada.

Já o verdadeiro certamente dividirá opiniões com sua atuação. Ao meu ver, seu esforço ao encenar é visível. E justamente isso faz sua interpretação interessante, pois o estranhamento causado pela artificialidade de suas reações é parte da comicidade do filme. Já Cedric Joe, intérprete do filho, não convence muito ao fazer um garoto deslumbrado com as promessas do vilão.

Ver “Space Jam: Um Novo Legado” pode valer a pena para quem busca nostalgia e diversão despretensiosa, apesar da história apresentar clichês, um vilão sem graça e um final previsível. A oportunidade de matar a saudade dos personagens faz a experiência ser proveitosa.