O rebocador comercial Nestromo está voltando para Terra. Seus sete tripulantes, além de um gato, acordam após um período de hibernação para descobrirem que, ao contrário do previsto, não estão sequer na metade do caminho de retorno. Isso porque a Mãe, uma inteligência artificial que controla a nave durante a hibernação, interrompeu o deslocamento. O motivo é um sinal acústico captado pela nave e que se repete em intervalos de 12 segundos.

Pela lei vigente, a tripulação é obrigada a checar a origem do som, que pode ser um pedido de socorro. A nave então pousa em um planeta gelado e primitivo. No local, três descem visando descobrir a origem do som. Um deles é atacado por um alienígena que se fixa em seu rosto e lhe deixa inconsciente. Buscando salvar o companheiro, os outros dois lhe levam de volta a nave com o Alienígena preso ao seu rosto. A busca por salvar o tripulante e principalmente por livrar-se do extraterrestre desenvolve a história.

Esse foi o segundo longa-metragem dirigido por Ridley Scott. Apesar disso, seu trabalho foi digno de um especialista nos gêneros terror e ficção-científica, com os quais ele trabalhava pela primeira vez. Isso porque a tensão e as implicações de tecnologias futuristas se entrelaçam durante todo o filme. O clima sombrio do planeta ressurge dentro da nave ao longo do segundo ato, quando a nave fica mais escura e o Alien é procurado sob a luz de lanternas e do fogo.

O mistério de em qual momento o antagonista aparecerá é um elemento de tensão bem desenvolvido, o que faz a antecipação sentida equivaler ao próprio medo causado pelas aparições do Alien. Isso também é mérito da montagem, comandada por Terry Rawlings e Peter Weatherley, por não cortar momentos de busca em que nada acontece. Isso nos faz sentirmos a tensão dos personagens.

Nesse sentido, também é sábia a decisão de só nos mostrar o Alien quando ele está próximo aos tripulantes, afinal quanto menos vemos algo, mais sentimos medo. Até mesmo suas aproximações não são mostradas com ele em foco. Em vez disso, o filme nos mostra sua chegada através de um ponto no radar, uma sombra na parede ou mesmo pelo olhar assustado do gato. Quando o desespero toma conta, o movimento tremido da câmera também ajuda a transmitir o pânico.

Em sua maioria, os atores entregam aquilo que é esperado de seus personagens: olhares tensos e movimentos calculados. Sigourney Weaver, Tom Skerritt e Yaphet Kotto, interpretes de Ripley, Dallas e Parker, respectivamente, vão além quando seus personagens precisam defender uma opinião em conflitos internos da tripulação, alternando entre insatisfação e resignação. Suas atuações, somadas as ações e reações previstas no roteiro, nos dão uma boa dimensão sobre quem eram os personagens antes da história que nos é mostrada.

As equipes de direção de arte e efeitos visuais são fundamentais para o sucesso da obra. A nave, enorme por fora e com visual sujo por dentro, foi claramente influenciada por “Star Wars”, lançado dois anos antes. Apesar disso, não parece uma cópia. Tem identidade própria e ajuda a traçar o clima do filme. O Alien parece realista, mesmo diante dos recursos da época, sendo estranho apenas seu desenvolvimento vertiginoso. Já os efeitos de explosões parecem bem ultrapassados vistos hoje.

Mais que um filme com um extraterrestre que aterroriza os passageiros de uma nave, “Alien, o Oitavo Passageiro” é uma projeção das implicações futuras de uma manutenção das relações entre empresas em empregados, caso seguissem nas mesmas condições vigentes no final dos anos 70. Como uma boa ficção científica, mostra aspectos do presente com um ar futurista. Para quem se dispõe a ver o filme além da desenfreada busca por sobrevivência, ele também é capaz de nos fazer refletir sobre aspectos da atualidade.