Desde garoto, Sebastian (Matthias Schweighöfer) possui um fascínio em descobrir as combinações de cofres. O avançar de sua idade lhe levou a ser um profundo conhecedor do assunto, em especial da história do designer de segurança Hans Wagner. Quando seu talento é descoberto por uma quadrilha de ladrões de bancos, ele tem a chance de abrir os invioláveis Rheingold, Walkurie e Siegfried.
Cinco meses após conhecermos esse divertido rapaz como Dieter em “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas”, ele está de volta em uma história que conta sua origem. Além de ser um dos produtores, Zack Snyder escreveu o roteiro com Shay Hatten. Todavia, agora a direção é de Matthias Schweighöfer. Inclusive, entre filmes e séries, essa já é a sexta vez que ele dirige e atua numa mesma obra.
Ao assumir essa dupla responsabilidade, ele sabe exatamente como valorizar aquilo que esse filme tem de mais precioso: o personagem principal. Carismático desde a primeira cena, seus receios ajudam a trazer muito da comicidade da narrativa. Por outro lado, os instantes de tensão aparecem nas cenas onde ele tenta abrir os cofres.
Nesses momentos, o longa-metragem poderia facilmente ter se tornado chato. Transformar a concentração de um sujeito que quer abrir um cofre em algo atraente não é fácil, mas a obra consegue captar nossa atenção com maestria. Isso ocorre especialmente através de uma fotografia que capta o protagonista em planos detalhes, além de mostrar a interessante mecânica interna do cofre. Aliada a isso, há uma trilha sonora que enfatiza a importância do momento.
Só que nem todas as decisões tomadas fizeram bem a história. Numa tentativa de relacionar essa obra com “Army of the Dead: Invasão em Las Vegas”, o protagonista tem alguns pesadelos com zumbis que destoam completamente daquilo que está sendo mostrado. No intuito de não apresentar o terceiro cofre do mesmo modo que os dois primeiros, há uma decisão um tanto sem sentido sobre o modo como ele é aberto.
E essa não é a única decisão ruim relacionada a última meia hora do filme. Os demais personagens possuem desfechos fracos ou até mesmo sem sentido. A hacker Korina (Ruby O. Fee), por exemplo, não tem um final condizente com aquilo que vimos durante toda a trama. O Brad Cage (Stuart Martin) parece não saber exatamente o que quer da vida, enquanto o policial Delacroix (Jonathan Cohen) fica caricato ao ponto de ser ridículo.
Ao mesmo tempo que Matthias Schweighöfer encarna um protagonista desajeitado, fraco e medroso, a atriz Nathalie Emmanuel (Game of Thrones) faz um ótimo contraponto ao viver a Gwen, uma jovem séria, decidida e com muita habilidade para conseguir o que deseja. Apesar do filme buscar apresentar a história prévia de cada um dos membros da quadrilha, o maior mérito do elenco não está na interpretação de seus personagens específicos, mas no desenvolvimento das relações entre eles.
Ainda que a obra tenha suas escorregadas, “Exército de Ladrões: Invasão da Europa” consegue divertir e imergir, brinca com seus próprios clichês, apresenta um design de produção muito caprichado e um protagonista cativante. O suficiente para ser uma experiência agradável ao espectador.