Quando Tylor Tuskmon teria a grande chance de sua vida, tudo repentinamente mudou. Pronto para ser um grande assustador, ele descobre que a energia que ilumina a cidade agora vem do riso. Enquanto tenta se transformar em um comediante, o jovem precisará trabalhar no departamento responsável por reparos, no qual encontra uma equipe bem esquisita.
Oito anos após o lançamento de “Universidade Monstros” (2013), a Pixar volta nos levar para Monstropolis. Dessa vez, a narrativa se passa logo após os acontecimentos de “Monstros S.A.” (2001). Apresentada em dez episódios de cerca de 20 minutos, a série animada foi idealizada e escrita por Bobs Gannaway, anteriormente responsável por produções da Disney voltadas para crianças menores, como “A Casa do Mickey Mouse” e “Jake e Os Piratas da Terra do Nunca”.
A ideia dessa série é muito boa. Faz total sentido a troca dos sustos pelas risadas ser drástica para monstros vocacionados a assustar. Entretanto, a execução dessa premissa é tediosa, pois o novo protagonista é inserido em um grupo inconveniente, onde ele é exageradamente bem recebido enquanto está desconfortável com a situação.
Ainda que ao longo dos episódios a gente se acostume ao jeito de personagens como Fritz e Val Little, o enredo pouco motiva o público a acompanhar a série até o fim. Isso porque, apesar da curiosidade sobre o desfecho do protagonista, os capítulos não terminam deixando bons ganchos para o que vem a seguir. A trama é toda fragmentada em histórias menores que tem o Tylor como um elo. Assim, acompanhamos desde um dia onde ele monta uma equipe de boliche até uma situação inusitada, na qual precisou resgatar o cabelo perdido de um ex-funcionário.
Enquanto isso, Mike Wazowski e Sullivan viram coadjuvantes em um universo onde sempre nos divertiram enquanto tiveram destaque. O primeiro até possui mais tempo de tela, pois agora possui a missão de formar comediantes para trabalharem na fábrica. Mas o Sully, na função de CEO da empresa, se tornou quase um figurante de tão esquecido dentro da história.
Um acerto está na ambientação que expande a fábrica como nunca havíamos visto. É apresentado um andar subterrâneo, no qual funciona o desprestigiado departamento onde o Tylor é inserido. Além disso, ao longo de várias confusões, os setores por onde passam as portas são bem explorados em momentos de correria.
Ao inserir novos personagens, as aparências excêntricas deixaram de ser a única preocupação, pois notoriamente há um cuidado em apresentá-los com um visual gracioso, no intuito de agradar o público infantil. Um exemplo é a Val Little, tão fofa que definitivamente não parece uma monstra.
Aparentemente, houve uma tentativa de criar uma espécie de “The Office” de Monstropolis. Só que apesar de conseguir te cativar com o passar dos episódios, “Monstros no Trabalho” não é nem sombra do que a Pixar já apresentou nesse universo. Se houver uma segunda temporada, a inserção de vilões que coloquem em risco a jornada dos protagonistas fará muito bem a série.