A ilha de Corto Maltese vive uma abrupta troca de poder. Para os Estados Unidos, o golpe ocorrido nessa pequena nação latina não deveria ser um problema. Entretanto, por lá existem experimentos com uma perigosa espécie de origem extraterrestre. Nas mãos de líderes antiamericanos, o alienígena é visto como uma arma de guerra em potencial. Neutralizar essa ameaça é uma missão para o Esquadrão Suicida.

Cinco anos depois de um filme decepcionante, a Warner Bros. decidiu dar uma nova chance a força-tarefa de criminosos com superpoderes. Dessa vez, “O Esquadrão Suicida” chega sobre o comando de James Gunn. Responsável pelos dois filmes dos “Guardiões da Galáxia”, ele estreia na DC Comics após sua polêmica demissão da Marvel Studios.

Retornando após quatro anos sem nenhum lançamento com seu nome, Gunn roteiriza e dirige um filme no qual sua principal missão era nos fazer abraçar a tosqueira. Sem se levar a sério, o enredo apresenta personagens bizarros como um tubarão bípede que fala e possui sentimentos. Dentre os poderes dos personagens estão habilidades como coordenar ratos e lançar coloridas bolinhas assassinas.

Sem Will Smith no papel do Pistoleiro, nem Jared Leto como o Coringa, se abre espaço para que a Arlequina brilhe ainda mais. Em seu terceiro filme interpretando-a, Margot Robbie alcança sua melhor atuação como a anti-heroína. Ao mesmo tempo que seu olhar transmite a insanidade da personagem, ali também há uma convicção do que se está fazendo. Soma-se a isso um tom de voz divertido e a boa movimentação em cenas de luta.

Quem também está de volta é Viola Davis. Mesmo aparecendo menos, a Amanda Waller chama a atenção para si quando está em cena. Além da seriedade, a atriz também faz a personagem imprimir uma postura ameaçadora. Isso porque a chefe do Esquadrão Suicida chantageia o Sanguinário. Interpretado por Idris Elba, ele participa da missão por pura obrigação, apesar de empenhar-se no trabalho.

Por mais que não apresente locais que chamem a atenção visualmente, a ambientação contribui com a história principalmente através de dois cenários. O primeiro é a praia onde a “Força-Tarefa X” invade a fictícia Corto Maltese. O local é um bom palco para um início animado. Destaque na última hora do filme, a instalação conhecida como Jotunheim é muito bem utilizada, ainda que por fora pareça pequena pela grandiosidade do que há lá dentro.

Os figurinos chamam atenção de diferentes formas. Por um lado, alguns anti-heróis possuem uniformes notoriamente antiquados, o que induz o público a reduzir suas expectativas em relação ao sucesso deles. Já o Sanguinário aparece com uma vestimenta moderna, além de um capacete escuro. Por sua vez, a Arlequina surge deslumbrante a partir de certo trecho, num vestido vermelho que lhe acompanha até o final.

Ao mesmo tempo que o roteiro possui virtudes, como ir apresentando os personagens pouco a pouco ao longo do filme, alguns pontos enfraquecem a narrativa. A começar pela premissa. Uma missão para o Esquadrão Suicida deveria ser aquela que ninguém mais aceita, sendo eles a última opção. Entretanto, o roteiro dá ao grupo uma incumbência que poderia muito bem ser cuidada por militares.

Além disso, em uma trama que já pede muito para que o público se entregue a surrealidade da história, certas conveniências apresentadas acabam comprometendo a nossa imersão. Soma-se a isso a duração acima da necessária, pois o roteiro não consegue fugir do clichê de criar lutas internas no Esquadrão. Ainda que esses tropeços reduzam o filme a um lugar comum, a diversão propiciada o faz valer a pena do início ao fim.