A juíza americana Virginia A. Phillips decidiu dar prosseguimento a um processo judicial aberto contra a Netflix por conta de uma cena de “O Gambito da Rainha”, minissérie lançada pela plataforma de streaming em 2020. A ação foi movida por Nona Gaprindashvili que alega ter sido difamada no último capítulo da obra, no qual um personagem que é comentarista de xadrez afirma: “a única coisa incomum sobre ela (Beth Harmon), realmente, é seu gênero. E mesmo isso não é único na Rússia. Há Nona Gaprindashvili, mas ela é a campeã mundial feminina e nunca enfrentou homens”.
A enxadrista de 80 anos afirma que esse trecho é “mentiroso e degradante”, pois ela enfrentou e venceu vários homens ao longo de sua carreira. “A Netflix descaradamente mentiu sobre as conquistas de Gaprindashvili pelo propósito barato e cínico de ‘elevar o drama’ ao fazer parecer que sua heroína fictícia conseguiu fazer o que nenhuma outra mulher, incluindo Gaprindashvili, havia feito”, diz a defesa de Nona.
Ao tentar anular o processo, a Netflix argumentou que “O Gambito da Rainha” se trata de uma obra de ficção e que a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos dá licença artística aos criadores da série. Em sua decisão, na qual deliberou pela continuidade do processo, a juíza de um tribunal de Los Angeles afirma: “o fato de a série ser uma obra fictícia não isenta a Netflix da responsabilidade por difamação se todos os elementos de difamação estiverem presentes”. A indenização pedida é de US$ 5 milhões, o que equivale a 26 milhões e 950 mil reais.