Após quebrar o braço ao tentar fugir da escola com os amigos, Mônica (Giulia Benite) acaba sendo separada deles quando seus pais decidem lhe matricular em outro colégio. Ao mesmo tempo que sofre para conseguir fazer novas amizades, a menina ainda acha que Magali (Laura Rauseo), Cascão (Gabriel Moreira) e Cebolinha (Kevin Vechiatto) não querem mais sua companhia.
Dois anos depois do lançamento de “Turma da Mônica: Laços”, os quatro lendários personagens de Mauricio de Sousa estão de volta aos cinemas. Novamente sob a direção de Daniel Rezende, o filme é uma adaptação da graphic novel de mesmo título criada pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi.
Na história, enquanto a Mônica se vê sozinha na nova escola, os outros três membros da turminha são colocados em atividades extraclasse, a fim de aprenderem a lidar com suas fragilidades. O Cebolinha passa a frequentar a fonoaudióloga, no intuito de parar de trocar o R pelo L. Já a Magali é inscrita em um curso de culinária, onde terá a difícil missão de não comer tudo que aparecer em sua frente. Por sua vez, o Cascão precisará enfrentar seu medo de água ao ser matriculado na natação.
Além do isolamento da Mônica e das subtramas dos demais, a obra também aborda o término da infância deles. Ao fazer isso, a história introduz outros dois personagens queridos do público: o Rolo (Gustavo Merighi) e a Tina. Essa última é vivida por Isabelle Drummond. Junto com a Giulia Benite, ela protagoniza uma cena muito bonita. Intérprete da boneca Emília quando garota, a hoje consagrada atriz transmite muita verdade quando fala sobre como crescer é uma experiência positiva, na qual é possível preservar dentro de si a criança que você foi um dia.
Uma vez que são abordados assuntos como amadurecimento, saudade e amizade, o drama se une a aventura e a comédia nesse novo filme. Na maior parte do tempo, isso faz muito bem a história, pois coloca os personagens diante de desafios inéditos em suas vidas. Só que junto com a adição desse novo gênero também vieram alguns instantes de dramatismo exagerado.
Todavia, também existem situações onde a emoção é coerente. Em um desses momentos, no qual o Cebolinha visita a Mônica, Kevin Vechiatto e Giulia Benite fazem juntos uma das melhores cenas do longa-metragem. Nessa hora, o roteiro capricha ao mostrar como às vezes nós dizemos coisas que sequer acreditamos, mas acabamos reproduzindo de tanto ouvirmos por meio de terceiros. Intérpretes de Magali e Cascão, Laura Rauseo e Gabriel Moreira se destacam principalmente em ocasiões onde a comédia é prevalente.
Seja nos momentos mais alegres ou em instantes de tristeza, a trilha sonora se encaixa muito bem ao apresentar os diferentes arranjos da música tema. Assim como no primeiro longa-metragem, a obra também se ambienta em algumas décadas atrás, numa época na qual as crianças ainda não tinham celulares e os telefones eram de disco.
Ainda que enfatize sua principal mensagem um pouco além do necessário, a trama sabe abordar questões como a preocupação dos amigos com o bem estar uns dos outros, o que reforça os laços de amizade entre eles. Ao saber desenvolver uma narrativa na qual a Mônica passa bastante tempo distante da turma, o roteiro traz outros personagens inesquecíveis dos gibis, como Marina e Do Contra. Deste modo, o filme não apenas transmite a lição de que é possível fazer novas amizades, mas homenageia Mauricio de Sousa por sua obra que é parte significativa da cultura brasileira.